(Imagem 1. Fonte: Acervo pessoal de Ricardo Alexandre da Silva Santos)
Na imagem 1 vemos um representante do Governo do Estado do Ceará pousando de helicóptero, para vistoriar o terreno onde seria construído o CVT de Massapê, visita essa no final da década de 1990.
Muitas vezes as cidades crescem de maneira desordenada e na maioria dos casos a parte central destas é ocupada por comércios, bancos, mercados públicos e demais empreendimentos que geram emprego e renda. Porém, aqueles que já tiveram contato com a obra do geógrafo brasileiro Milton Santos, tem em mente que é nas regiões periféricas aos grandes centros urbanos que se concentram a maioria das populações trabalhadoras mais humildes.
O terreno onde foi construído o CVT de Massapê ficava no antigo bairro do ginásio, atualmente denominado bairro Luiz da Hora Pereira, que foi um grande educador massapeense. Nas décadas de 1980 e 1990, essas regiões começaram a ser ocupadas por massapeenses que buscavam por moradias mais baratas, e posteriormente no começo da década de 1990, já com a promulgação da Constituição de 1988 que elencou o direito a moradia como um dos direitos sociais fundamentais aos brasileiros, houve a criação do programa de moradias populares denominadas de COHABs, os Conjuntos Habitacionais.
O CVT de Massapê foi construído em uma das muitas zonas de desenvolvimento, habitadas por populações mais humildes e desfavorecidas pelas políticas públicas necessárias para o desenvolvimento humano. A premissa de construir espaços educacionais em regiões periféricas também pode ser identificada quando da interiorização das Escolas de Educação Profissional e dos campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará-IFCE. Antes da construção do CVT de Massapê, já no ano de 1992 foi construído o Conjunto Habitacional Jacinto Grigório da Costa, para atender à famílias carentes de moradia, muitas delas ocupantes de áreas de risco, condenadas pela defesa civil.
Conforme BUENO (2001) A função social da educação e da escola, é bastante complexa e cada autor desenvolve seu pensamento mediante suas pesquisas, leituras e percepções. Por exemplo na visão do sociólogo Émile Durkheim a educação deve formar indivíduos que se adapte a estrutura social vigente instituindo os caminhos e normas que cada um deve seguir, tendo sempre como horizonte a instituição e manutenção da ordem social, a educação é um forte instrumento de coesão social e cabe ao estado ofertá-la e supervisioná-la. Para o também sociólogo e filósofo Karl Marx a educação deve ser vista como um instrumento de transformação social e não uma educação reprodutora dos valores do capital.
Especificamente no caso do CVT de Massapê, a mudança social trazida a partir de seu funcionamento foi significativa, uma vez que, os equipamentos, seu corpo docente e seus funcionários administrativos e sua estrutura estavam a disposição da comunidade da cidade, e por questões de localização também estava também à disposição daquela comunidade que circunvizinhava a unidade.
Ao conversarmos com o Coordenador da unidade Sr.Jucelino Lourenço, pudemos compreender como o CVT de Massapê pode influenciar positivamente na formação inicial e continuada das populações menos assistidas economicamente. Conforme conversávamos ficou claro que muitos moradores tinha receio e até mesmo vergonha de mencionar o bairro ou a rua onde moravam, por medo de serem tratados de maneira preconceituosa por sua condição e classe social, porém quando do surgimento do CVT, muitos usavam davam como referencia a própria unidade, dizendo que moravam "5 casas após o CVT", "na esquina com o CVT" ou que moravam "na Rua do CVT".
Após a construção do CVT de Massapê foram criadas mais duas escolas de grande porte para atender a comunidade, a saber, as Escolas de Ensino Fundamental Maria Pontes Vidal e Dr. Luis Carlos Magalhães Aguiar, o que tornou aquela área, por vezes tão estereotipada, numa espécie de "corredor educacional".
Esses aspectos culturais e sociais só reforçam a relevância do CVT de Massapê, não apenas ao se analisar as contribuições educacionais trazidas pelos cursos de extensão técnica e tecnológica, mas também pela valorização indenitária que um importante espaço pedagógico traz consigo.
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REFERÊNCIAS:
BUENO, José Geraldo Silveira. Função social da escola e organização do trabalho pedagógico. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/237025094_Funcao_social_da_escola_e_organizacao_do_trabalho_pedagogico. Acessado em 13/05/2021.
SANTOS, Milton. Espaço e sociedade: ensaios. Petrópolis: Vozes, 1982.